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Factos sobre o PREC - parte 3

Factos sobre o PREC - parte 3


3 - Correlação de forças. A correlação de forças entre forças revolucionárias e contra-revolucionárias foi calculada de forma errada pelas forças revolucionárias devido aos seus programas etapistas e política de alianças erradas. Lemos no programa do PCP(R) que a derrota no 25 de Novembro se devia também às forças revolucionárias estarem apenas concentradas nas cidades e no Alentejo. A ideia de correlação de forças para a tomada do poder das forças revolucionárias está baseada na concepção anti-leninista da maioria da população e da maioria num parlamento burguês obtida por eleições burguesas. Esta ideia rejeita o ensinamento histórico que os bolcheviques tomaram o poder apenas nas grandes cidades da Rússia, onde estava a classe revolucionária do proletariado, e só depois a partir das cidades e da guerra civil é que tomaram o poder em toda a Rússia. A tomada do poder pelo proletariado guiado pelos comunistas só pode acontecer primeiro nos centros estratégicos (onde está o verdadeiro poder político, económico e militar) e depois através da guerra civil é pode ser ganha a maioria da população e o país inteiro.


O poder nos centros estratégicos estava na posse das forças revolucionárias, principalmente devido ao PCP e a esquerda militar, e é reflexo disso a clara maioria do PCP no conjunto dos sindicatos de Portugal (e na CGTP em particular), o facto do MFA eleger um líder revolucionário como Vasco Gonçalves, a força do PCP e das forças revolucionárias no Alentejo com o proletariado rural. Se a estratégia das forças revolucionárias incluisse sovietes, seguindo o exemplo que devia ser seguido da Rússia soviética, seria garantido uma maioria revolucionária nos sovietes de operários, trabalhadores, nos sovietes de soldados e seria prevísivel uma força substancial entre o campesinato pobre (onde se poderia incluir o proletariado rural do Alentejo que era uma parte bastante grande da população rural do país inteiro). Esta correlação de forças favorável às forças revolucionárias não era menos favorável do que a que permitiu aos bolcheviques e sovietes tomarem o poder na Rússia. Mas o maior erro na avaliação da correlação de forças só poderia ser decorrente da política de alianças errada das forças revolucionárias. Enquanto Vasco Gonçalves estava certo em prosseguir no sentido lógico da revolução socialista ao afirmar que entre forças revolucionárias e forças contra-revolucionárias não há terceiras vias, Álvaro Cunhal, o PCP e a UDP, as forças revolucionárias de facto existentes enquanto partidos políticos, colocavam erradamente a disputa como sendo entre campo democrático e campo fascista, numa avaliação errada do nível a que tinha chegado a luta de classes e a situação revolucionária.





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