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Manifesto - Alavanca

O Alavanca e o movimento comunista em Portugal

No nosso manifesto inicial do Alavanca que agora nos parece desactualizado diziamos que a questão principal era se a luta por reconstruir um partido comunista revolucionário em Portugal se fazia dentro do PCP ou criando um novo partido comunista. Ao mesmo tempo alertávamos para o facto de nada poder ser feito (nem dentro nem fora do PCP) sem uma dedicação total, militante e disciplinada a esta causa da reconstrução revolucionária do partido comunista em Portugal. Esta última questão da dedicação, tragicamente, é onde alguns deram todas as suas vidas e outros se acobardaram e desistiram - acaba por ser o principal problema. 

Mas a questão que descrevíamos como chave de fazer a luta dentro ou fora do PCP está acabada, o PCP como espaço de disputa está acabado, permanecer dentro do PCP à espera da sua ruína final implica não só algum grau de cumplicidade com esse partido burguês completamente reaccionário (que nada se distingue do PS) mas também semear ilusões quanto a recuperação de umas siglas que apenas poderão ser recuperadas por fora desse aparato partidário "se e quando" os dirigentes dessa filial do PS se decidirem por um final à italiana com a mudança de nome para "partido patriótico e de esquerda" ou "partido da esquerda democrática". Tudo o que o PCP está a fazer é não só desmobilizar a luta dos trabalhadores mas também afastar cada vez mais os trabalhadores e os jovens em particular de qualquer simpatia pela ideologia comunista do marxismo-leninismo.

O PCP não é um partido comunista, é antes o oposto de um partido comunista. Nesta altura que o PCP já provou ser de fidelidade canina ao PS e ainda por cima se tornou o mais dogmático e fanático dos partidos burgueses a defender o Papa, o Vaticano, a Igreja Católica e todo o seu complexo religioso-empresarial, chamar ao PCP de social-democrata já é até benevolente. O PCP é um partido burguês social-democrata, que receamos ver descair para liberal, conservador e reaccionário. A usurpação que o PCP faz do nome comunista e de vários dos seus símbolos e conceitos auto-proclamados (que não têm nenhuma aplicação real) é uma ferramenta do anti-comunismo em Portugal, a mais poderosa de todas as ferramentas a afastar a classe operária, os trabalhadores e acima de tudo os jovens da ideologia comunista.

Porque os erros do PCP, que agora são pura traição e completa colaboração de classes, começaram há muito tempo. O aspecto fundamental de um partido comunista ser uma escola de formação ideológica comunista e um partido de quadros educados no marxismo-leninismo não é levado à prática há muitas décadas. O nível ideológico mesmo dos militantes que supostamente seriam de gerações anteriores ao curso reformista do programa da "Democracia Avançada" (copiada dos franceses do PCF) é um nível de consciência de um sindicalismo reformista congelado no tempo (isto é dogmático e acomodado), algo que faz lembrar os oportunistas que Lenine criticava chamando-lhes "economistas" - a ala mais direitista do menchevismo que defendia que lutar por salários fazendo greves levava ao socialismo gradualmente sem necessidade de revolução. 

O PCP já está a desaparecer eleitoralmente - para o público em geral isto é mais notado. O sindicalismo da CGTP onde a hegemonia do PCP se mantém também perde cada vez mais membros, tal como o PCP, tudo isto é revelado abertamente por números oficiais das respectivas organizações.

Temos experiência dentro do Alavanca, por contarmos com ex-militantes do PCP, para saber que o declínio do PCP é muito visível em todas as células e organizações de base e muito em particular na juventude. A conclusão a que chegamos é que será bom para o movimento comunista em Portugal o completo colapso do PCP, a perda de toda a presença de deputados do PCP no parlamento, de câmaras municipais e até o estilhaçar da frente ampla PCP-PS-BE que em absoluta cumplicidade mútua "gere" a CGTP ao sabor das ordens dos governos do PS - e por este andar de quaisquer outros governos burgueses. O PCP é um obstáculo à reconstrução revolucionária de um verdadeiro partido comunista em Portugal e a sua destruição (que é acima de tudo auto-infligida pelos seus dirigentes e pela apatia cobarde dos seus militantes de base) é uma boa notícia para todos os verdadeiros comunistas de Portugal. Aos comunistas que foram parar ao PCP por engano e já se arrependeram apelamos que saíam desse cadáver moral denunciando a podridão no seu interior.

Agora colocamos sem qualquer hesitação que a tarefa do Alavanca - Movimento Marxista-leninista é a construção de um novo partido comunista revolucionário em Portugal.

A nossa imagem de marca podemos colocar aqui como Stalin porque assumimo-nos como na contramão de todos os grupos que se dizem comunistas em Portugal, que são todos ostensivamente ou veladamente anti-stalinistas. Sabemos que esta nossa defesa de Stalin baseada no marxismo-leninismo e no legado revolucionário do movimento comunista internacional e dos países socialistas (hoje assumida pelo pólo leninista do MCI) significa em Portugal perder a popularidade fácil do anti-stalinismo que é dominante tanto em todos os que se dizem comunistas como nos que se dizem de esquerda. Entre a popularidade fácil e o caminho mais lento e difícil dos princípios escolhemos os princípios.

A reconstrução revolucionária do partido comunista em Portugal não pretende apenas dar uma cara nova ao mesmo oportunismo de sempre e não somos retaguarda arrastada pelo baixo nível de consciência das massas. Retomamos o futuro com o legado revolucionário de Stalin através da tarefa de contruir um novo partido comunista em Portugal, fundado no centralismo democrático, isto é a vanguarda revolucionária baseada no socialismo científico, o marxismo-leninismo.

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