Este dia,
faz lembrar os oprimidos de todo o mundo, os direitos dos trabalhadores, ao
longo de séculos de luta, muita bravura, sangue e lágrimas, mas também de muita
alegria pelo futuro da humanidade.
Viver o 1º
de Maio, é uma tradição que perdura em todo o planeta, tornando-se a festa da
solidariedade internacional dos trabalhadores, a festa mundial do trabalho, uma
das mais fascinantes conquistas que enchem de orgulho a humanidade entre
oprimidos e opressores.
O 1º de
Maio, a sua organização e direção, as reivindicações, o colorido, a sonoridade
dos protestos, os desfiles pelas praças e avenidas da liberdade, a dinâmica
fervorosa na luta sempre teve ao longo da sua história, proibida, ou em
liberdade, uma incalculável beleza estética, jamais ultrapassada por outras
manifestações.
Todos os anos,
ano após ano, há sempre um fio condutor comum em todo o mundo onde se passa a
mensagem de que o capitalismo oprime os povos, que os empurra para o desemprego,
que trata com o maior desprezo milhões de trabalhadores, acentua os níveis de
pobreza, retira direitos, esmaga a liberdade, humilha a dignidade aos que
trabalham e lutam nesta sociedade paralisada em benefício de uma minoria de
oligarquias instaladas.
A “Cimeira
Social” da União Europeia, realizada nos dias 7 e 8 de Maio no Porto é exemplo
disso mesmo. A passadeira azul mostrou os dirigentes europeus com pompa e
esbanjamento, a que os oprimidos condenam com veemente repúdio, apresenta uma
mão cheia de nada, onde ficará tudo como dantes. O que fica retido desta
proclamada “Cimeira Social” são as magestosas imagens da cidade do Porto, o
agressivo aparato policial, a continuação de um processo severo mas fervoroso
de luta no antagonismo de classes que separa os que prometem fantasias e os que
vivem da dignidade do trabalho.
A “Liberdade”
é, objetivamente, um dos mais bem conseguidos conceitos de capitalismo
consciente, subtil, cruel. A “Liberdade” é um conceito prioritário a atingir
pelos cidadãos e trabalhadores portugueses, pelos povos, pela humanidade.
Esta “Liberdade”,
apoiada pelas muletas do regime, leva cidadãos na cegueira política aos maiores
seguidismos, em nome de uma fantasia, jamais alcançada numa sociedade que
discrimina e contrária aos interesses dos cada vez mais pobres, a caminho da
demência coletiva.
São absurdas
ou ingénuas as afirmações por mais hábeis que sejam construídas.
Que “Liberdade”
entre homens e mulheres se há desigualdade e discriminação salarial em média
14% 5, entre sexos? Onde fica a chamada “igualdade de género”, com as mulheres
a terem que trabalhar mais 54 dias para ganharem o mesmo que os homens a fazer
as mesmas coisas?
Que “Liberdade”
é esta onde os falsos recibos verdes dos trabalhadores independentes ou
sujeitos a outros vínculos contratuais, ainda mais precários que os contratos a
termo, ganham em média, salários 27% abaixo dos auferidos pelos trabalhadores
permanentes?
Que “Liberdade”
é que terá um casal de jovens licenciados, precários ou desempregados, com ou
sem filhos, de futuro mal desenhado, na admiração de uma montra de apelo consumista
se nada pode comprar?
Que “Liberdade”
terá um reformado pobre, com promessas que nem chegam a migalhas, deixa de
comprar medicação, que lhe atrasam a morte?
Que “Liberdade”
terão trabalhadores indefesos diante de charlatões fariseus hipócritas, que se
pavoneiam na vitimização à comunicação social como seus defensores?
Que “Liberdade”
terão os “velhos” nas suas opções e necessidades, em que cada um teme pela sua
própria vida, com defeitos graves de nutrição alimentar, onde lhes é negada a
preocupação do que querem ou desejam usufruir dos prazeres em fim vida?
Que “Liberdade”
terão milhões de pobres em Portugal na desesperada angústia pela procura da caridadezinha?
Que “Liberdade”
terão centenas de milhares de cidadãos trabalhadores, na condição de ”ilegais”,
nos setores da Agricultura, das Pescas, da Hotelaria, dos Têxteis, dos
Transportes, da Restauração e Similares e outros setores de atividade que não
têm forma de provar tamanha impunidade, a quem os deveria cuidar?
Esta Liberdade”
foi construída ao longo de décadas por PS/PSD/CDS responsáveis diretos por gravosas políticas
de direita e direita reacionária até aos dias de hoje, sem apagar os
contributos e compromissos de conciliação de classe a que o PCP e CGTP optaram
fazer, resultando no empobrecimento de milhões de cidadãos portugueses, pela
imposição de baixos salários e pensões de miséria, com um fio condutor, oprimir
e sacrificar os trabalhadores o mais que podem.
Esta “Liberdade”
é uma bandeira com pouco significado na propaganda do regime, num estado que se
diz “laico” mas onde partilha, de novo, a representação das velhas carcaças de
uma Igreja medieval com cheiro a creolina. Um estado apoiado por acólitos políticos
e partidários que se projetam nas lutas de outrora contra o fascismo mas no
presente lambem as botas do regime opressor para se sustentar.
O sistema desta
“Liberdadezinha representativa”, ajuda a perpetuar abusos de poder, a miséria,
a corrupção, o empobrecimento do país.
O povo está
farto de palavras mornas, falsas, descoloridas. O povo vive na construção hábil
de uma realidade ficcionada.
É necessário
agir, sair à rua, defender a nossa indignação, voltar aos protestos contra o
capitalismo e contra todos os que hipocritamente o sustentam.
Comentários
Enviar um comentário