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Porque apoiamos a solução de um só Estado para judeus e árabes palestinianos na Palestina e na entidade sionista chamada de Israel


Porque apoiamos a solução de um só Estado para judeus e árabes palestinianos na Palestina e na entidade sionista chamada de Israel

Somos comunistas do Movimento Marxista-Leninista Alavanca. E a partir desse ponto de vista comunista vamos explicar as nossas razões para defender a solução de um só Estado para a Palestina com judeus e árabes no contexto da luta de libertação nacional na Palestina que consideramos indissociável da revolução socialista na Palestina e no mundo que é o nosso objectivo estratégico.

Razões históricas do passado: A justa avaliação da solução de dois Estados para judeus e árabes palestinianos é que esta solução falhou repetidamente e sistematicamente desde a criação do chamado Estado de Israel em 1948. Em 1947 a União Soviética preparou um plano, que teve também o apoio dos Estados Unidos e dos países capitalistas da Europa ocidental, de dividir a Palestina a meio entre judeus e árabes palestinianos. Em 1948 os judeus sionistas criaram Israel matando e deportando palestinianos, fazendo o primeiro genocídio contra os árabes palestinianos, e os sionistas violaram o plano da partição da Palestina de 1947 (da ONU) ficando não com os 50% da Palestina acordados mas sim com 80%, os restantes 20% são as terras que conhecemos como Palestina hoje, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Este. Em 1967 Israel invadiu e passou a ocupar a Faixa de Gaza e a Cisjordânia e Jerusalém Este, além de território da Síria, Líbano e Egipto, tudo isto se mantém até hoje excepto a península do Sinai do Egipto que foi devolvida ao Egipto embora com soberania condicionada por Israel (e o Egipto tornou-se um regime controlado por Israel). Mais uma vez em 1967, com a ocupação da Palestina por Israel, sendo do rio até ao mar, e mais além com a ocupação de fronteiras de países vizinhos, a solução de dois Estados foi destruída por Israel e até então esta solução nunca tinha sido oficialmente aceite por ninguém entre palestinianos e países árabes vizinhos. Na prática desde 1967 Israel, se considerarmos a entidade sionista um país já existe do rio até ao mar e o que existe de auto-governo palestiniano é uma espécie de autonomia guetos, de bantustans, de campos de concentração ocupados por tropas sionistas que têm como objectivo exterminar ou deportar o povo árabe palestiniano por inteiro. Esta ideia de autonomia palestiniana depois foi desenvolvida até ao cúmulo do seu fracasso do ponto de vista da solução de dois Estados com os Acordos de Oslo em 1992, este plano que criou a Autoridade Palestiniana na Cisjordânia e em Gaza era suposto ser um caminho gradual para a criação de dois Estados mas de facto tornou-se o oposto, um caminho gradual para a oficialização das fronteira de Israel do rio até ao mar através da expansão dos colonatos israelitas nestes territórios que continua até hoje (apesar de confrontar muito mais resistência em Gaza, onde as forças palestinianas rejeitam com mais força os Acordos de Oslo e a traição e colaboracionismo da Fatah/OLP/AP com Israel).

Razões da realidade no terreno hoje: A realidade no terreno hoje naquilo que é considerado territórios palestinianos ocupados por Israel de acordo com a solução de dois Estados (fronteiras até 1967, Cisjordânia, Jerusalém Este e Gaza) é que desde 1967 estes territórios são na prática parte das fronteiras do chamado Estado de Israel, com as suas tropas ocupantes, check-points e colonatos a ser expandidos com civis sionistas armados com metralhadoras. A realidade no tereno hoje em Israel e na Palestina é que a experiência histórica provou repetidamente que a solução de dois Estados estava errada desde o início, desde o plano de partição de 1947, apoiado pela União Soviética, e o resultado desastroso da proposta de partição com a criação de Israel em 1948 em 80% da Palestina e não nos 50% previstos no plano da partição. Desde essa data de 1948 a União Soviética e realmente não apenas o movimento comunista mas também toda a esquerda do mundo perceberam que o regime sionista é o culpado por não haver dois Estados, porque Israel ao contrário das forças árabes palestinianas aceitou a partição e usou a aceitação para violá-la e expandir-se cada vez mais roubando terras aos palestinianos de forma genocida. Israel mente, em todos os acordos de paz e cessar-fogos que faz, e os palestinianos quer em acordos de paz, quer na resistência revolucionária contra Israel falam o que fazem e são coerentes com os princípios da paz, igualdade, justiça e libertação nacional. A conclusão lógica da experiência histórica e da situação actual é que Israel não é uma nação mas sim um regime fascista e racista seguindo a ideologia genocida e supremacista do sionismo e então para haver paz e igualdade entre judeus e árabes palestinianos na Palestina histórica do rio até ao mar é preciso derrubar este regime genocida sionista de Israel e esta é uma luta em que os palestinianos estão na linha da frente e em que a experiência  histórica mostra o atraso e o paternalismo cripto-racista até dos judeus israelitas de esquerda. Os palestinianos têm toda a legitimidade do mundo para derrubar o regime sionista de Israel e criar um só Estado para todos, judeus e palestinianos, chamado Palestina. Esta é uma história muito semelhante à luta dos negros da África do Sul contra o regime supremacista branco do Apartheid, apesar de heróicas excepções de brancos sul-africanos que lutaram lado a lado com os negros, estas pessoas foram apenas excepções no meio de uma população branca sul-africana com a doença de longo termo do racismo supremacista branco, e o mesmo acontece hoje aos chamados judeus israelitas que padecem  da doença do sinonismo e supremacismo judeu também apesar de mesmo muito poucas excepções de judeus israelitas anti-sionistas - e mesmo estes raramente defendem a resistência armada tanto como defenderam os excepcionais brancos sul-africanos anti-racistas. Uma Palestina de igualdade e justiça para todos do rio até ao mar será obra do povo trabalhador palestiniano, de todo o povo palestiniano do rio até ao mar e também dos refugiados palestinianos dos países vizinhos, com ajuda da resistência solidária dos povos árabes vizinhos (como os heróis da resistência do Líbano e da Síria).

Outra crítica que queremos fazer à solução de dois Estados é que esta proposta sempre incluiu um Estado palestiniano em Gaza, Cisjordânia e Jerusalém como também o regressso dos refugiados palestinianos de 1948 para dentro das fronteiras de Israel. Nós notamos a enorme contradição entre este Estado palestiniano limitado ao território de 1948 a 1967 e a possibilidade que o regime sionista de Apartheid possa aceitar o regresso dos refugiados palestinianos para dentro de Israel quando já mata e deporta aqueles 2 milhões de palestinianos que vivem dentro de Israel que não foram deportados em 1948 e conseguiram ficar. Esta hipótese de conjugar o Estado palestiniano com o regresso dos refugiados palestinianos só pode significar na prática a aceitação do Apartheid dentro de Israel e uma falsa promessa a de regresso negociado com os sionistas para nunca ser implementada. Reveladora da hipocrisia desta proposta é a declaração recente de um dirigente do Partido Comunista de Israel num podcast de "Middle East Eye" de que o regresso do refugiados palestinianos para dentro de Israel deve ser negociado em paralelo com a possibilidade dos 750 mil sionistas em colonatos que espalham o terror na Cisjordânia poderem ficar dentro da Cisjordânia, isto quer dizer equivaler milícias terroristas sionistas com as vítimas palestinianas do genocídio que criou Israel em 1948 que vivem nos países vizinhos e com isso justificar que para os sionistas terroristas saírem da Cisjordânia os palestinianos vítimas do terror genocida de Israel possam abandonar o seu direito a regressar às fronteiras de 1948. O Partido Comunista de Israel espelha bem o fracasso e a hipocrisia da solução de dois Estados, que equivale os genocidas às suas vítimas e o fracasso da esquerda judaica israelita, mesmo que falsamente declarando-se anti-sionista.

Comparações com outros casos excepcionais: Se fosse possível um Estado da Palestina independente viver ao lado de um Estado de maioria judaica então este Estado declaradamente judeu que é Israel não estaria desde 1948 a tentar exterminar e deportar todos os palestinianos do rio até ao mar. No movimento comunista internacional conhecemos momentos excepcionais em que um Estado socialista governado pelos comunistas legitimamente invadiu outro país para acabar com o expansionismo e a guerra além fronteiras de um regime genocida, isso aconteceu com a União Soviética invadir a Alemanha nazi (ir até Berlim) e com o Vietname socialista invadir o Cambodja (do fascista-maoísta, falsamente visto como comunista, partido Khmer Vermelho). Nos dois casos que mencionamos não esteve meramente em causa na invasão da URSS e do Vietname de outros países a decorrência e evolução de uma guerra, mas sim, insistimos neste ponto, a necessidade de acabar com um genocídio e assegurar a sobrevivência de vários povos. Nós não aceitamos a lógica de alguns camaradas enredados num ponto de vista burocrático que só Estados governados por comunistas podem agir desta maneira, estes camaradas separam a nossa bandeira comunista da classe operária e do povo trabalhador que é suposto defendermos. Lutar contra qualquer genocídio, tenhamos ou não forças comunistas a dominar a resistência, não é sentimentalismo mas sim parte essencial da luta de classes e da luta pela revolução proletária. Logicamente só um povo que consegue sobreviver e evitar ser exterminado pode lutar pela revolução e lutar contra um genocídio é impedir que as classes capitalistas possam impor as suas vontades pelo terror. Não pode haver paz e justiça e um Estado palestiniano sem implementar e respeitar o direito dos refugiados palestinianos nos países árabes vizinhos de regressar à Palestina histórica hoje chamada de Israel, isso é uma razão fundamental para defendermos a solução de um só Estado para judeus e árabes palestinianos chamado Palestina do rio até ao mar.

Não existe genocídio no mundo moderno sem fascismo, não existe Apartheid no mundo moderno sem fascismo, o sionismo é uma ideologia fascista que só tem comparação com o nazismo e o genocído em Gaza e no Líbano (que é semelhante ao Holocausto criado pelos nazis) é prova do carácter fascista do sionismo. Nós não aceitamos que o contexto da luta dentro de Israel possa ser encarado como uma mera democracia burguesa, que pressupõe aceitar a impotência de 2 milhões de palestinianos que vivem dentro das supostas fronteiras oficiais de Israel. Nós não aceitamos que a luta contra o capitalismo em Israel seja meramente subordinada à ideia de um supremacismo judeu na qual 2 milhões de palestinianos dentro de Israel devem ser submissos a uma luta interna entre judeus, que são os únicos com reais direitos políticos e cidadãos de pleno direito dentro de Israel. E ainda por cima ao mesmo tempo 750 mil sionistas dos colonatos da Cisjordânia podem votar e ter plenos direitos dentro de Israel e os palestinianos da Cisjordânia e dentro das fronteiras de Israel vivem dentro de um contexto de segregação e não podem votar nem exercer direitos nenhuns nem em Israel nem nos territórios ocupados por Israel em 1967. A luta pelo socialismo em Israel não é uma luta interna dos cidadãos judeus e também não é uma luta dentro do falso conceito de cidadão israelita que nega a realidade da segregação dos palestinianos. Israel não é um país, Israel é o regime mais genocida, terrorista e racista desde o tempo da Alemanha nazi. Aceitar a existência continuada de Israel para o futuro não é coexistir com cidadãos judeus que vivem nessas fronteiras mas sim aceitar um regime racista e ultra-reaccionário. Os judeus chamados hoje de israelitas, dentro da entidade sionista, que justamente querem viver em paz e igualdade com os palestinianos devem rejeitar completamente a existência de um Estado racista supremacista judeu e rejeitar a própria denominação Israel para um Estado na Palestina porque o nome Israel está hoje banhado em sangue de um projecto racista de quase um século.

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