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Factos sobre o PREC - parte 2

Factos sobre o PREC - parte 2


2 - O sucesso da estratégia seguida pelas forças revolucionárias durante o PREC. Os programas das forças revolucionárias durante o PREC e durante um largo período até à sua degeneração revisionista, nomeadamente o programa da Revolução Democrática e Nacional do PCP e o programa da Revolução Democrática Popular da UDP e PCP(R) são iguais naquilo que é essencial. Aquilo que é essencial nestes programas é a ideia de que o programa da Revolução Socialista sem uma etapa "democrática" anterior é "esquerdismo". Esta etapa "democrática" anterior à revolução socialista toca basicamente nos mesmo objectivos, a ideia é que não é inteiramente capitalismo nem inteiramente socialismo. Estes pontos são: "expulsão do imperialismo"/"Libertar Portugal do imperialismo", "nacionalização do grande capital e controlo operário"/"Liquidar o poder dos monopólios", reforma agrária, "expansão económica e bem-estar do povo"/"promover o desenvolvimento económico geral","instaurar um regime democrático"/"novo poder democrático", etc.


Estas estratégias, que no essencial são a mesma coisa com nomes diferentes, levaram essencialmente a definir erradamente no campo político quem são os aliados das forças revolucionárias. O ênfase nas forças democráticas, depois da derrota final das forças fascistas de Spínola a 11 de Março de 1975, levou a uma sobreposição errada de campos: os democratas contra os fascistas e os revolucionários contra os contra-revolucionários. A suposição das forças revolucionárias era que democratas eram revolucionários e fascistas eram contra-revolucionários. A suposição era errada e levou essencialmente a insistir na aliança com a social-democracia do "Partido Socialista" que foi de facto o líder das forças contra-revolucionárias - fazendo marcha atrás nas nacionalizações, reforma agrária e em todas as medidas revolucionárias - e foi colocado sempre como um aliado incontornável no "campo democrático" pelas forças revolucionárias.


O programa é a estratégia e a política de alianças é a táctica que inevitavelmente reflecte o programa. A política de alianças estava errada porque o pressuposto do programa que havia uma "ditadura democrática" ou "revolução democrática" ou poder ou regime democrático liderada pela classe operária e o povo antes da revolução socialista era um pressuposto errado. Estes programas baseados numa etapa intermédia entre capitalismo e socialismo sublinhavam correctamente que se teria de derrubar o fascismo e depois fazer a revolução socialista, mas precisamente por inventarem uma etapa intermédia falharam em compreender que a oportunidade de tomar o poder e de fazer a revolução socialista atingiu condições bastante favoráveis precisamente neste período que conhecemos como PREC, nomeadamente entre 11 de Março e 25 de Novembro de 1975. O mais trágico dos erros estratégicos das forças revolucionárias, foi agarrarem-se a esta política de alianças auto-destrutiva até à sua completa degeneração revisionista, uma vez que aberta ou veladamente amarraram os seus destinos ao inimigo mortal e líder da contra-revolução que é o PS, o partido burguês social-democrata.




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