Esclarecimento do Alavanca: O Alavanca dá por desactualizado e arquivado o nosso primeiro Manifesto que se intitulava "Qual a solução para a questão comunista em Portugal?" porque neste documento explicávamos como o nosso propósito de luta passava por reconstruir um partido comunista revolucionária que numa primeira fase passou por lutar dentro e fora do PCP. O Alavanca dá por terminada esta fase tendo em conta que o PCP se tornou um partido burguês social-democrata que usurpa nomes, expressões e simbologias comunistas mas na prática é um mero apêndice dos governos burgueses do PS. Insistir na luta interna dentro do PCP é apoiar a social-democracia e a burguesia e impedir e bloquear a existência de um partido comunista em Portugal. Não foi por falta de tentativas do Alavanca que não se deu uma luta combativa e coerente dos verdadeiros comunistas dentro do PCP, mas a experiência demonstrou para lá de quaisquer dúvidas que esta luta interna é uma fraude e uma ilusão cujos resultados são única e exclusivamente negativos. O simulacro de centralismo democrático dentro do PCP e o simulacro de critica e oposição de esquerda são um engano apenas para aqueles que acreditam em voltar ao tempo de um PCP revolucionário. A história do PCP revolucionário já lá vai, como foi para PCI, PCF e PCE. Insistir hoje em lutar internamente no PCE e PCF cujas siglas ainda existem só pode significar defender o capitalismo e a burguesia e ser cúmplice dos ataques contra os trabalhadores e contra os verdadeiros comunistas - e é exactamente a mesma coisa que acontece no PCP.
Qual a solução para a questão comunista em Portugal?
A pergunta principal que se coloca aos comunistas portugueses, tanto militantes como ex-militantes do Partido Comunista Português (PCP) e ainda os que, mesmo não tendo militado no PCP, são comunistas, prende-se com o objectivo de tentar recuperar uma maioria comunista genuína dentro do PCP ou o de fundar um novo partido comunista em Portugal.
Qual destas hipóteses é a solução?
Consideramos que existe o problema de estarmos divididos e não apenas por este dilema principal. É importante, para resolver esta questão, que se analisem e percebam uma série de dilemas menores que, individualmente, impossibilitam uma compreensão esclarecida do problema global.
Existem diferentes tipos de conflitos políticos que podem existir num partido comunista. O erro mais crasso, desde os tempos em que Álvaro Cunhal liderou as suas últimas lutas contra os "renovadores" que queriam liquidar o PCP, desde os anos 1990 até 2002, é que progressivamente se acreditou que os conflitos internos do partido se tornariam menores – quando aconteceu exactamente o contrário. Quanto mais se optou por "pensos rápidos" nos conflitos internos, quanto mais se “varreu” os problemas “para debaixo do tapete”, mais estes problemas se agravaram.
Hoje lidamos com expulsões de camaradas ou a imposição de demissões de funcionários. Mas há uma infinidade de outros casos em que camaradas foram desde progressivamente silenciados até literalmente escorraçados do PCP. Ou que organizações do partido foram destruídas no seu trabalho de base por ditame de algum tiranete local ou regional mas com o conhecimento e beneplácito dos órgãos nacionais.
Sermos contra expulsões injustas e sermos contra os oportunistas opressores não nos deve levar à conclusão que reconciliações pessoais podem resolver o problema.
Não lidamos com ataques inexplicáveis a um conjunto de camaradas. Estamos a lidar com um ataque que tem razões objectivas para acontecer. Temos uma direcção do PCP de índole e prática social-democrata e uma minoria opositora marxista-leninista. Temos uma direcção que serve o patronato e temos uma minoria opositora que defende os legítimos interesses de classe dos trabalhadores. Temos falsos comunistas a dirigir o PCP e verdadeiros comunistas a serem empurrados para fora. Pelo meio, temos uma grande quantidade de militantes do partido que, por lacunas de preparação ideológica e compreensível ligação sentimental a este, hesitam em tomar uma posição e optam por seguir as orientações vindas “de cima” sem o imprescindível rigor crítico. Mediante esta adopção do eurocomunismo, facilmente se constata que o que aconteceu com partidos comunistas com enorme peso histórico noutros países (como Itália, França e Espanha, entre outros) e as suas consequências, também aqui se estão a verificar.
A submissão do PCP ao Partido Socialista (PS) é para continuar, uma vez que não há força interna para mudar o curso e a travar. A salvação possível, para a direcção do PCP, é a salvação das suas carreiras políticas pessoais da mesma forma corrupta com que os "renovadores" se salvaram no passado.
Por outro lado não podemos deixar de considerar como sendo uma abordagem, de certa forma, displicente a de alguns comunistas honestos, (ainda) dentro ou fora do PCP, que pretendem construir um novo partido comunista. Sobre este propósito é preciso questionar e compreender o fracasso de outras organizações sérias à esquerda do PCP e porque não tiveram êxito – até hoje – todas as tentativas de as recuperar.
Na nossa perspectiva, o problema é que não existem os factores mínimos para nenhum dos dois caminhos: nem para ganhar o PCP por dentro, recuperando a sua índole marxista-leninista, nem para criar um novo partido revolucionário.
Faltam a unidade política e ideológica (um grupo solidamente unido em torno de questões fundamentais) e a dedicação revolucionária à causa (capacidade de se abdicar de toda a vida pessoal, familiar e profissional tanto quanto possível para contribuir regularmente para a luta) que permita a concretização de acções efectivas.
Urge encontrar e concretizar respostas a estas duas lacunas essenciais. Sem uma forte dedicação disciplinada, sem esforço e sacrifício, sem uma extensa preparação teórica e uma enorme capacidade de actuação prática, esta nossa luta não passa de uma ilusão. Com trabalho e resultados concretos face a estes problemas, teremos então capacidade de abordar e resolver a questão principal pela qual começa este texto.
É este o propósito do nosso grupo.
Comentários
Enviar um comentário