Dedicatória. Aos camaradas Carlos Costa, Abílio Martins, João Tomás, João Salazar e José Manuel Almeida. Pelo que aprendemos com vocês, pela crítica e auto-crítica revolucionárias e por lutarem sempre pelo socialismo.
1 - Que classes representavam os partidos. As forças que se consolidaram depois do golpe militar de 25 de Abril de 1974 e mais ainda depois da derrota de Spínola (11 de Março de 1975) eram no essencial as forças dos trabalhadores e as forças da burguesia, com um papel destacado para as forças da pequeno-burguesia que vacilaram decisivamente em favor da burguesia. O mesmo é dizer que as forças dos trabalhadores procuravam chegar ao socialismo e as forças da burguesia procuravam manter o capitalismo, uma vez que substituir o fascismo por uma democracia burguesa é manter o capitalismo. O auge da luta de classes que caracterizou o Processo Revolucionário em Curso (PREC) significou que naquela época (entre 1974 e 1975) a correlação de forças entre revolução e contra-revolução, avanço para o socialismo ou manutenção do capitalismo, esteve bastante equilibrada ou incerta. Em poucas palavras abriu-se a possibilidade da vitória da revolução socialista e dos trabalhadores tomarem o poder. O PCP e a UDP e PCP(R) eram forças dos trabalhadores, forças da revolução. Todas as outras forças principais e secundárias, PS, PPD-PSD, CDS e a maioria dos recém nascidos partidos comunistas e forças de extrema-esquerda, onde se destaca o MRPP, eram forças da burguesia, sendo algumas delas pequeno-burguesia ao serviço da burguesia. Certos pequenos grupos minoritários da extrema-esquerda, uma pequena parte da pequeno-burguesia, apoiaram com mais ou menos vacilações o lado revolucionário, isto é o primeiro-ministro revolucionário Vasco Gonçalves, a esquerda militar, o PCP e a UDP/PCP(R). Avaliamos todas estas forças pelo seu papel objectivo no evoluir dos acontecimentos, nomeadamente no contexto da luta entre revolução e contra-revolução dentro do MFA e dentro dos governos provisórios que desemboca no golpe contra-revolucionário de 25 de Novembro de 1975. As forças da revolução levaram a revolução até certo ponto, embora as mais importantes no momento decisivo tenham capitulado. As forças da contra-revolução sempre estiveram contra o PREC desde o início e tudo fizeram para o sabotar e destruir. No final de contas o agudizar do conflicto entre revolução e contra-revolução foi expressão da luta entre a classe trabalhadora e a classe burguesa, a luta entre socialismo e capitalismo.
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